segunda-feira, 25 de abril de 2011

Gabi/Ela

Ela não possuía muitos bens, apenas uma cama voadora e um gato de estimação que o odiava. Não é porque ele era preto nem por suas “gatices”, mas por que ganhara do namorado petulante que insistia em morar com ela no pequeno apartamento. Não fazia seu tipo, Gabriela preferia a solteirice a um homem em sua casa. Já teve experiências com o sexo oposto no mesmo teto e não foram boas, ela nunca conseguia fazer com que o parceiro colocasse as cuecas para secar ou que ele aprendesse a limpar a mesa depois de um lanche.
Mas dessa vez era diferente, o individuo da vez era esquisito, como dizia suas poucas amigas. Ele usava xadrez e usava all star, totalmente diferente do adidas e o excesso de músculos do ex. Ela não gostava de se apegar, odiava sentimentalismo, mas dessa vez... Ah, me desculpe Gabriela, mas dessa vez, já te vimos pensativa várias vezes, eu não sou um amigo seu, mas por favor, você está em minha cabeça, acabou de ser criada e sei muito bem que anda pensando nele, não adianta fingir.
O novo namorado, coitado, usa óculos e faz engenharia. Gosta de animes, tem várias fotos de cosplay, viciado em séries e o pior de tudo, adora vídeo game. Para Gabriela essa era a pior coisa ou talvez a melhor, pois o cara possuía o dom da pegada, suas mãos eram inquietas, o que ela adorava na hora dos carinhos apaixonados. O anônimo um dia disse que ia fazer um trabalho e se desculpou por não poder ficar com a Gabi, ela sempre fria e calculista respondeu:
-Desculpa por quê? Você não cria tanta dependência desse jeito.
Ai Gabriela, mereceria o Oscar depois dessa.
Assim, ela resolveu sair com as amigas indo ao shopping. Depois de muitas idas a lojas, roupas apertadas e brigas com as atendentes que cismam em vender o máximo que conseguem. Estavam as amigas passando em frente a área dos games, quando Gabriela vê no meio de tantos garotos espinhentos, um rapaz alto, magro com uma camisa xadrez vermelha ridícula que ela o mandou trocar em vários encontros.
Ela foi em direção a ele. Estava sentado em um carrinho com os olhos concentrados na tela. Quando ele a viu assustou, descontrolou e bateu o carro. Perdeu a corrida imediatamente. Uma pena, ele iria quebrar o recorde.
Tentou se desculpar. Mas ela ficou imóvel olhando fixamente pra ele, quando finalmente disse alguma coisa:
-Besta, porque não joga essa camiseta fora, já mandei milhares de vezes.
Então os lábios se encontraram. As amigas ficaram fazendo aquele barulho infernal de amiguinhas e os meninos com o mesmo barulho, porém com aquele ar de meninos adolescentes, você sabe, um saco total.
Gabriela se sente feliz no momento, só não quer se compromissar mais. Um homem em seu lar seria horrível, não por que ele iria estragar o “doce” do lar doce lar, mas porque ficaria doce demais e formiga naquele lugar já era mais do que comida. 

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