Cícero,
em Canções de Apartamento
Jogou o retrato longe,
pegou o telefone amarelo e sentou na poltrona olhando para a janela embaçada
com os pingos da chuva. Tirou os sapatos que machucavam seus pés, havia um calo
no calcanhar esquerdo. Discou alguns números, colocou o gancho no ouvido e
esperou.
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Voltaram os laços,
colou os pedaços do retrato e vendeu os sapatos que machucava os pés.
Colocou um aviso na rede social e em dois dias uma moça baixinha comprou. Porém
uma vez os pés machucados, o cuidado com sapatos seria maior daqui pra frente.
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Outra briga. Gritos
depois de uma festa. Tapa na cara do cafajeste. Correu para alcançar a amiga,
que por sinal tinha avisado que não iria prestar sair de casa àquela noite. Sola
do pé machucada por correr descalça. Depois de duas horas estava na cama da
amiga chorando a perda.
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Dois meses sem ver o
ex-namorado e o desejo de mudar alguma coisa em sua volta crescia. Cortou o
cabelo. A mãe achou o corte estranho, a irmã mais nova disse que ela parecia
lésbica e o pai não gostou do comentário. Mudou de apartamento, colocou um
tapete macio que adorava pisar depois de um longo dia de trabalho.
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Com os pés para cima,
estava ela descansando. Ouvia alguns gritos, algumas palavras eram direcionadas
a ela. Mas sentia uma leveza em todo corpo. Os pés para cima de repente foram
levados ao chão, sentiu a dor e conseguiu entender onde estava. Azul. Branco.
Vermelho. Três cores de uma vez só. A perna doía, o peito sangrava, e o carro
estava amassado.
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Pés lá em cima. Sem
poltrona.
Ótimo, maicu. Parabéns!
ResponderExcluircovilbarbado.blogspot.com
Adoreeeeeeei Mikey! *-*
ResponderExcluirque trem lindo, meu deus!
ResponderExcluirde todos, teu melhor texto. lindimais.
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