Lana Del Rey
Born to Die (2012)
Estava ela do lado
esquerdo, naquele chevette
amarelo, com os pés no painel, olhando para o lado da janela.
“você sabe por quê
estamos aqui não é?”
“sei sim, sempre soube,
desde o início.”
Pararam o carro, era um
fim de tarde, o céu avermelhado fazia a pele dos rostos ficar morna, mas o
vento, entrando pelas janelas e balançando os cabelos, causava arrepios. Ela,
uma moça que aparentava ter uns 28 anos, com os cabelos ondulados e vermelhos,
colocou a cabeça pra fora e chamou a moça que estava na estrada.
“Entra aí garota,
estamos indo pro mesmo lugar que você”
Uma jovem, usando um
vestido florido verde limão entrou e sentou no banco de trás. Cumprimentou os
dois. O motorista, um homem de 30 anos, com a barba por fazer e usando uma
jaqueta de couro azul escuro olhou para trás.
O olho verde da menina
fitou o castanho do motorista, ela amedrontada abriu a boca. Mas o homem foi
mais rápido.
“Já sei pra onde você
quer ir, logo logo você chega docinho.”
A mulher ao lado o
olhou com desaprovação, ele sorriu e pegou um cigarro. Acendeu no cigarro dela.
Ligou o carro e seguiu a reta infinita.
“Sabe, nunca imaginei
encontrar alguém tão nova por aqui...”
“Moço, pode parar aqui,
eu posso ficar...”
“Menina, fique quieta,
estamos conhecendo você. Não sabe que quando se pega uma carona você deve
comunicar com as pessoas. Conversa com a gente que nada vai acontecer. Eu
prometo, me chamo Bu.”
“E eu sou o Doc.”
“Mel”
“Ok Mel, sabe pra onde
você vai?”
“É simples não é? É só
pegar a reta que eu chego em algum lugar não é? Como vocês sabem pra onde vão?”
“Nós não vamos pra
lugar nenhum docinho”
Bu olhou para ele
intrigada, balançou a cabeça e olhou para frente. Suspirou. O sol desaparecia,
a estrada continuava na mesma reta, e Mel começou a chorar. Repetiu frases sem
sentido como “meu deus, por quê isso?” “não pode ser...” “tão nova...”. Doc
jogou o cigarro pela janela, olhou para Bu, e encostou o carro.
“Desce menina, seu
lugar chegou.”
Bu não entendeu, tentou
sair do carro para finalmente esticar as pernas, mas Mel já estava de fora, já
tinha pulado do chevette e corria
pelo campo verde que estava a sua frente. A porta não abriu, e o carro já
estava em movimento. Ela berrou, olhou assustada para o lado e Doc estava
rindo.
“Você nunca vai
entender não é, Boneca”
“Por quê....?” Seus
olhos lacrimejavam, sentia um vento forte, o carro estava em velocidade, as
narinas ardiam e os cabelos esvoaçavam. “A gente sempre vai levar os mortos pro
paraíso? Quando vamos sair desse lugar?”
“Nem sempre pro paraíso.”
“Eu quero sair Doc, eu
quero voltar a andar, eu quero sentir o chão, eu quero correr como aquela
garota, por que nós estamos aqui?”
“É muito simples Boneca,
nosso inferno é aqui.”
Ela abaixou a cabeça.
Reparou nos sapatos e nas pernas, a poltrona era confortável. Suspirou, olhou
para frente e para o céu, já escuro.
“Não é muito diferente
do que antes né?”
sempre ótimo ;)
ResponderExcluirsério, não expressei antes, mas esse foi um dos melhores textos do blog. dá vontade de ler sobre esses personagens pra sempre! sério, belíssimo, pqp
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