quinta-feira, 31 de maio de 2018

Body Language

Carly Rae Jepsen
EMOTION SIDE B (2016)

“Don’t feel good about it?”
“About what? Being discriminated since the beginning of our lives, holding the breath every time in the teenage years when the big guy in the school came to you or pretending to kiss the blondie-beauty-girl of the high school just to show your parents that you’re straight?”
“Ow, someone apparently is in the best mood of the night, run?” — says Fred, the green-eyes gay with a six pack that everyone in the table would kill for it. Not literally, but you know how the gays are.
There are four gays drinking in the straight bar. When the straight guys are watching the World Cup, we are keeping our conversation and trying to figure out what is going on in our twenties lives.
Except for Carl, who is thirty-four, has a good job as a law-counseling of the State, a car of the year, also a puppy named Samantha (yes, from Sexy and City). I even don’t know how we accept Carl in this group, but as the gay life, he came when he started dating with Fred (the six-pack), and now they are two good friends who smash their buts sometimes. Seriously that’s what they call.
About Fred, 23 years old, a barman in a straight club, working every night, waking up late, sometimes uses some drugs to keep awake, trying to get back to the study, but always in the gym. That explains the abs. Fred also is a good friend of Richard, my best friend. Richard is about to 26, maybe in two weeks. Trying to pay the college and the rent, work in a marketing company shooting some advertising campaigns, sometimes he calls me to help find out models. Not that I’m a model, but Richard shoots some campaigns of hands and feets lotions, drinks and that was the time they worked on a hot dog food truck ad, miss that day.
I knew Richard in the college, working on a project showing some old movies to this group of teenagers that had problems with the law, it was a good project, then, we had the terrible idea to exhibit Thelma & Louise. At least, ‎Sarandon‎ and Davis were amazing.
Richard is the one who’s questioning about feeling good to be young gay in these days, and I’m the one who answered in the bad mood.
“I mean, it’s good to be gay guys, but don’t you ever paid attention to the way we’re living our lives? Holding our cell phones as it’s the only thing we have, working a lot to show that we are not just a particular group and we have other characteristics besides our gay things…”
“Gay things, Ed, come on, that’s rude.” — Fred, the guy doesn’t like me so much.
“I know what he’s trying to say. I feel that too, Ed, society try to fit us like we are just gays, right? As we are the comedy-guys, always in the good mood, that we can drink cosmopolitan every night with our girls, shopping, whatever, madonna queen of popwho’s your favorite diva?, right? — Says the Sex and City guy, I like Carl.
Everyone take some of the drinks, the straights yelling about something, we all look.
“I feel sorry for their girlfriends” — Richard pointing out with the cup of gin to a group of women — “they need to hang out every time with the boyfriends and have to talk to the others girls like she like each other.”
“Maybe they like each other” — Fred says staring a guy.
“Fred, don’t, he’s using a Brazilian Football teeshirt, and it’s clear that he’s straight.” — Sometimes Carl has the power of a big dad in all of us.
“I would bet a drink, Carl”- Sometimes I really want to shake this damn Fred and ask why he’s so snob. Maybe it’s the eyes and the six-pack and pecs (yes, he has the whole gym body package).
“If you do not kiss this guy until we leave this bar, you pay my Uber. Ok?” — Carl really knows the child he used to date.
“Ok” — Then, we saw Fred trying to do everything to start a conversation with the guy.
We saw Fred trying his best, including taking their sweater and “accidentally” show the abs. Then, I was in the restroom and the brazil-teeshirt-guy came into my box, he looked into my eyes, a few seconds, I would say. He tried to kiss me and the only thing I said was “not here man”. He gave me his number.
Backing to the guys, Fred already called an Uber for Carl, Richard is texting to the ex-boyfriend, Carl is sexting with a guy in Grindr and Fred is quiet, with his ego.
I sat down, take some beer and thinking, this table really can describe the whole gay culture, with Carly Rae Jepsen playing in the background.

domingo, 27 de maio de 2018

Shadow

Chromatics (2017)

Colocou o celular na jaqueta, apertou o botão vermelho e sentiu a vibração indicando que por fim, desligou. Noite fria de um junho, oito da noite de uma quarta-feira, 2005. A jaqueta incomodava um pouco, mas era o que tinha para a ocasião, se sentiu seguro por não ser o único no ponto esperando o ônibus.

No caminho, durante todas as voltas pelo centro paulistano, ficou pensando em qual desculpa daria pelo atraso, “trânsito, você sabe” “mas você nem ao menos possui carro”, “fiquei até tarde no trabalho” “nós estávamos no escritório, vimos você saindo cedo”, “estava com a Paula” “vocês não terminaram?”, balançou a cabeça desistindo da ideia. Era só um evento da agência, apenas aparecer, dizer oi e sair. Simples.

Todos sorridentes, uma entrada calada, no meio de algumas pessoas barulhentas. Pegou um copo de cerveja e se dirigiu aos colegas do dia-a-dia, ninguém perguntou sobre o atraso, “eu sabia que ninguém daria à mínima”.  Não bebeu nada, lembrou-se do que Sofia disse na última sessão.  Em um grupo de cinco pessoas, havia um que não parava de beber, outro que só ficou na sacada fumando, um que só comeu doces, a garota que não parava de falar do trabalho e claro, ele, ali, olhando para o nada e segurando um copo de cerveja quente.

Palmas, diretor agradecendo pelo fantástico ano, blá, passou pelo entusiasmo momento, desceu as escadas e já estava no centro antigo. Colocou as mãos no bolso da jaqueta, entrou na minúscula porta. Dentro de um quarto, luz baixa, apenas esperava. “De novo?” “eu preciso”.  Em um momento pensaria em todo o ambiente sórdido, a poeira atravessando a luz vermelha, o barulho dos quartos ao lado, o cheiro de látex, o corpo esculpido em sua frente parecia destoar de tudo ao redor.  Os cabelos negros, o olhar fixo, o abdômen duro, os pelos indicando a idade, 20 anos ou menos.


Era a quarta vez em menos de uma semana, após ali, iria para outro lugar parecido, deitar-se com outro abdômen, e logo após, um lugar onde todos deitariam juntos. Não cruzava o olhar com nenhum estranho na rua, não havia visto nenhum conhecido por dias, não manteve nenhuma conversa sobre o tempo, mas era ali, no meio do suor, do cheiro de outras pessoas que mal sabia reconheceria seus rostos,  que sentia uma ponta de vida. Até chegar o dia seguinte. 


sábado, 19 de maio de 2018

Perfect Places


Lorde,
Melodrama (2017)


Domingo — 13 de Maio — 14h
Cansado e estressado estou no meio da estrada indo para capital mineira após passar um fim de semana com a família. Espremido em um ônibus intermunicipal, fico pensando como não pertenço mais a cidade que nasci.
18h — chego em meu quarto e percebo que ali, em BH, também não é um lugar que me acolhe.
Segunda — 14 de Maio
Mantenho a rotina, por sugestão de Carmen, para evitar qualquer ataque de pânico/ansiedade. Termino o dia chorando no quarto por sentir um vazio e não conseguir respirar. Vejo um episódio de Brooklyn Nine-Nine e fico melhor.
Terça — 15 de Maio
Acordo, mantenho a rotina matinal, queimo a língua com café, chamo um uber, correrias, etc.
A noite, sentado de frente para Carmen, escuto saindo da minha boca algo que deveria ter acontecido meses atrás, admiti pra mim mesmo que existem coisas além de nosso alcance.
Quarta — 16 de Maio
8h — Ligo para o consultório e marco uma consulta com a psiquiatra, termino pensando que passei a primeira etapa, aceitação.
Dia comum.
Quinta — 17 de Maio
Começo a me sentir bem e nenhuma crise. Comi um hambúrguer com alho poró na manteiga maravilhoso, me pergunte depois onde comi.
Sexta — 18 de Maio
Me sinto bem pela manhã, trabalho até tarde, como um bolo com frutas vermelhas com amigas e volto para casa cansado. Chegando em casa, dois rapazes, duas armas, uma na lateral da minha cabeça e a outra na minha frente. “Leva o que você quiser”.
Policiais, boletim, rastreamento, fotos dos bandidos, ida para casa.
Choro sentado no quarto por não ter ninguém me esperando.
Sábado — 19 de Maio 
Acordo assustado, como uns biscoitos com leite. Deito novamente e durmo por 4 horas seguidas. Acordo, faço um almoço rápido e tomo banho. Vou ao banco, retiro dinheiro sem cartão, “preciso trocar estas notas”. Lembro que não tenho mais despertador, compro o mais barato.
16h — já no meu quarto, o despertador apita após eu ter colocado este horário para saber como é o barulho dele. Começo a chorar por ver que ele é do Superamigos e penso que eu, aos 25, não cheguei nem perto de onde queria estar.


what the fuck are perfect places anyway?

terça-feira, 3 de abril de 2018

State Of Grace


 Taylor Swift
RED (2012)



Desde o início eu sinto que há uma inconstância em tudo o que acontece por aqui. Talvez eu ainda não tenha acostumado a viver neste lugar, a entender completamente que há momentos de calmaria e ao mesmo tempo, tempestades que nos viram de cabeça para baixo.
Ou acontece, esta teoria é das boas, é que mesmo morando neste planeta há mais de 4 anos, e já ter morado em outra época, sempre há algo para descobrir. Você nunca conhece um lugar assim por completo. A gente mal conhece a gente mesmo, quem dirá um lugar?

E mesmo que eu gritasse aos quatro cantos para todos no universo escutarem o quanto eu conhecia meu planeta, eu descobria algo diferente, seja uma tempestade repentina, ou uma praia deserta que me acalmasse até mesmo em dias chuvosos.

Então veio a decisão. O que aconteceria se eu saísse daqui para visitar planetas em outras galáxias? “Mas vai ser só uma visita” “Não pode passar de um dia”. E ao mesmo tempo, outros visitantes chegaram ao planeta que por mim, era só meu. É tão egoísta pensar que os planetas são só nossos, não é? Eu penso que é puro egoísmo você fincar uma bandeira e dizer que ali é sua terra.
Visitei e outros visitaram, seguimos assim.

Mas o compromisso de ser um do outro sempre manteve, mesmo que eu conhecesse lugares diferentes, novas formas de vida, no final do dia só o planeta que eu conheci, por acaso, há 7 anos, é que valeria a pena qualquer viagem.

Agora, pensando bem, há uma certa possibilidade de ter de sair daqui para sempre. Nunca mais voltar ou quem sabe após alguns anos. É uma incerteza, que voltamos ao ponto inicial deste texto, por mais que achamos que conhecemos um planeta, sempre há algo para descobrirmos e mudarmos nossa rota nesta viagem pelo universo.

domingo, 11 de março de 2018

Writer in the Dark

Lorde, Melodrama


Eu tenho vergonha de assumir este post e dizer que escrevi de um celular perdendo os sentidos e pedaços. Não vergonha do celular, mas da forma como irei assumir que este vazio profundo e medo enorme tem me perseguido há meses ou quem sabe anos. 
Eu tenho ódio por querer sentir uma coisa e não consigo, eu puxo forças de onde não tenho para soltar uma sequer reação. E isso tem me assustado tanto. Tanto. 
Voltando às origens, revendo pessoas, respirando um ar que já havia esquecido. Eu odeio esse ambiente, mas por qual motivo? Eu sinceramente não sei. 
Anos após a última postagem aqui e continuo egoísta. Nada mudou. 

quinta-feira, 30 de julho de 2015

PM é chamada para controlar discussão na Carlos Bezerra

Por Spot Fetcher

Foi um susto e tanto para os moradores da Av. Carlos Bezerra. Na noite passada, dois cachorros grandes discutiram aos gritos (e latidos) e não deixou ninguém dormir por duas horas seguidas. A Polícia Militar foi chamada ao local para acalmar os dois animais. Testemunhas afirmaram que a discussão iniciou por volta das duas horas da manhã e segundo um poodle, morador de um prédio na avenida que não quis se identificar, foi por uma disputa de território.

Os dois cachorros, sem raças identificadas, foram detidos e se encontram presos por atrapalharem a ordem do lugar. O advogado de um dos cães alegou que seu cliente “não ingeriu nenhum remédio diferente nos últimos dias e muito menos andou trocando a ração.”. O Delegado Foster afirmou que no último mês foram mais de dez discussões como essa em diversos pontos da cidade e que não é apenas uma série aleatória de acasos.

O motivo não se sabe ao certo, apenas boatos e nada confirmado. A Prefeita Laika, afirmou que um instituto realizou uma pesquisa no Centro de Tratamento de Água da cidade na última semana e que o resultado sairá em breve.

O psico-veterinário Hachiko, da Universidade de Greyfrians Bobby,  afirmou que o caso é extremamente importante, que em tempos como estes a maioria pretende resolver os problemas na base do latido e mordida. Que os casos em todo o território nacional vão além de brigas físicas e já se passam em ambiente online. “Os animais tendem a brigar por comida ou território, mas o nosso conceito de prioridade têm modificado com os anos, hoje brigamos por pontos de vistas.”. 

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Y

Iamamiwhoami 
Bounty (2013)

Por um longo tempo eu achei que eu seria uma pessoa extraordinária, principalmente depois que chegasse aos quarenta anos. Pois bem, eis eu aqui esperando a hora dos meus filhos voltarem do inglês, enquanto minha esposa termina de consertar a torneira da pia. Eu acho que chegamos a um ponto em que milhões de coisas para consertar na casa tornaram-se comuns, “apagar fogueiras” é o que ela gosta de dizer.

Significa que você não termina um projeto direito, e no final das contas, se percebe fechando as pontas curtas dos outros que você nunca finalizou. A pia, por exemplo, sempre pingou, mas deixei pra lá, primeira vez que percebi foi em um jantar com a minha sogra. Evitei o estresse. Mesmo que naquele dia eu tenha ganhado cinco fios de cabelo branco a cada vez que fui chamado de imprestável.

Você deve me achar com uma cara de tarrancudo, que fica em um escritório o dia inteiro, e no final do dia desconta em um programa barato ou no futebol das quartas-feiras. Nem um e muito menos o outro. Talvez eu seja um pouco tarrancudo, minha pequena diz que vou ficar velho muito cedo se eu não começar a sorrir logo.

Eu tenho uma pequena sensação de que fui um dos jovens da geração y, ou x, ou z, não lembro qual termo deram para minha geração. Sei que tínhamos liberdade para escolhas. Eu fiz as minhas. Mas acho que no final se eu tivesse escolhido um outro caminho, talvez se não tivesse aceitado aquela promoção e tentasse o meu próprio negócio...Não penso muito, sabe, apenas em alguns momentos eu imagino o que teria sido de minha vida.

Por volta de 2018, com a nova instituição do Estado Único, que abriu todas as fronteiras e diminuiu o que chamávamos de mundo, as coisas mudaram muito. Talvez você não se lembre, mas antes, era possível identificar as culturas, brigávamos inclusive, eu discutia em fóruns online sobre apropriação cultural, desrespeito a culturas e muitos termos. Hoje, não se vê nada disso.

Confesso que as viagens ficaram mais fáceis para alguns. Lúcia minha empregada, por exemplo, viajou apenas uma vez na vida, antes não se imaginava nada disso. Meus filhos e eu viajamos quatro vezes ao ano. Exterior, lógico. Não existem mais países com os nomes, apenas o Estado Único. 

Constituído pelas antigas nações.  Existem os antigos continentes, que compartilham seus produtos e ninguém ganha ou perde.  Pelo menos é o que insistem em dizer na NeTV.